Confirmada como ministra, pastora Damares Alves reitera oposição ao aborto e ideologia de gênero

O Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos será comandado pela pastora, advogada e educadora Damares Alves. A nova pasta – com ares de superministério – será criada pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) e será inclusive responsável pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI).
O anúncio da nomeação de Damares Alves foi feito na última quinta-feira, 06 de dezembro, pelo futuro ministro da Casa Civil, deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) em Brasília. O Gospel+ já havia antecipado o convite de Bolsonaro à pastora na última semana, apesar da negativa inicial.
Damares Alves tem um histórico de forte defesa do conservadorismo, com combate à ideologia de gênero, erotização infantil em sala de aula e opositora ao aborto, além de um trabalho junto a tribos indígenas através da ONG Atini, da qual é fundadora.
Estéril por ter sido estuprada na infância, ela é mãe adotiva de uma criança indígena. “Sou sobrevivente da pedofilia. Só quem passou por esse calvário é que sabe o que querem fazer com as nossas crianças”, declarou a futura ministra em entrevista ao Universa.
“A ministra cuidará da pasta da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Ela também receberá na pasta dos Direitos Humanos a Funai, visto que ela inclusive é mãe de uma índia”, declarou Lorenzoni, referindo-se à criança adotada pela pastora.
Damares declarou na entrevista coletiva do anúncio de sua nomeação para o superministério que a prioridade na pasta será a formulação de políticas públicas que “não têm chegado às mulheres”, com foco em mulheres ribeirinhas, pescadoras, catadoras de siri e quebradoras de coco, segundo informações do portal Uol.
Outra área a ter atenção especial, elencou, será a da infância, com um “pacto de verdade”, pois durante o próximo governo, segundo a futura ministra, o maior e primeiro direito a ser protegido pelo ministério será o “da vida”, indicando que a prática do aborto será combatida: “Nós vamos trabalhar nessa linha. O maior direito do humano é o direito à vida, e a pasta vai desde as mulheres, até a infância, idoso, índio. Vai ser a proteção da vida”, disse Damares Alves.
“Eu sou contra o aborto. Eu acho que nenhuma mulher quer abortar. As mulheres chegam até o aborto porque, possivelmente, não foi lhe dada outra opção. A mulher que aborta acreditando estar ‘desgravidando’ não está ‘desgravidando’. O aborto não ‘desgravida’ nenhuma mulher. A mulher caminha o resto da vida com o aborto”, argumentou.
Damares Alves foi bastante pontual ao abordar a questão relacionada aos movimentos feminista e LGBT, dizendo que lutará para transformar o Brasil na “melhor nação do mundo para se nascer menina”, e que criará um diálogo com todos os setores da sociedade.
“Nenhum homem vai ganhar mais do que mulher desenvolvendo a mesma função”, enfatizou a ministra, destacando que a legislação existente deverá ser cumprida. “Se depender de mim, vou para porta da empresa que o funcionário homem, desenvolvendo papel igual ao da mulher, está ganhando mais. Acabou isso no Brasil”.
A futura ministra também avaliou a questão envolvendo a militância LGBT como “muito delicada”, mas afirmou ter bom relacionamento com os movimentos, o que permite estabelecer diálogos: “Tenho entendido que dá para a gente ter um governo de paz entre o movimento conservador, movimento LGBT e os demais movimentos. É para isso que a gente se propõe”.
Sobre a questão envolvendo a FUNAI (a entidade deixou de ser gerida pelo Ministério da Justiça devido à sobrecarga de funções atribuídas ao ex-juiz Sérgio Moro), Damares Alves minimizou as especulações veiculadas na imprensa: ”Gente, ó, Funai não é problema, índio não é problema. Funai não é problema neste governo. O presidente só estava esperando o melhor lugar para colocar a Funai. Esta nação é linda, bela e plural. Este governo vem para atender esta nação linda, bela e plural”.